sexta-feira, 18 de junho de 2010

Infografia




A infografia consiste basicamente em informação gráfica e visual, que surge com as primeiras combinações entre um desenho ou uma pintura com um texto alusivo. Assim, será a apresentação do binómio imagem+texto. As infografias explicam, situam e ilustram a informação com perspectivas documentais, cartográficas e estatísticas. Podem tratar uma extensa variedade de assuntos: informações gerais, política, economia, ciência e tecnologia, meio ambiente e desporto. A análise dos factos deve ser feita com o máximo de elementos de informação e o mínimo de palavras.

Dessa forma, a infografia explica aquilo que texto e fotografias não conseguem explicar com a mesma economia de espaço e com a mesma eficiência, através de elementos visuais como gráficos, diagramas e desenhos, utilizando também algum texto. Sendo assim, tem a função de facilitar a comunicação, ampliar o potencial de compreensão dos leitores, permitir uma visão global dos assuntos e detalhar informações menos familiares do público.

A infografia desenvolvida no âmbito da proposta de trabalho n.º4 tem como objectivo transmitir de uma forma mais visual e, portanto, de mais fácil apreensão, a informação relativa às dez ligas de futebol mais representadas no Campeonato do Mundo de Futebol de 2010 e a distribuição dos jogadores que irão estar presentes nos relvados da África do Sul por continente. Uma quantidade elevada de informação que se fosse transmitida em texto se traduziria numa exposição muita densa, que dificultaria uma compreensão mais rápida dos leitores.

Considerou-se que a melhor forma de transmitir a informação atrás descrita seria através de uma perspectiva cartográfica, em que uma versão estilizada do mapa mundo constitui o pano de fundo para veicular os factos (os números) relacionados com os assuntos em questão. A criação de um símbolo/ícone, que faz a representação do número de jogadores, e de balões, que permitem transmitir de forma mais sintética e visual a importância e peso relativo que as dez ligas mais representadas no Mundial assumem umas em relação às outras, possibilita ao leitor apreender mais facilmente todas as informações que se pretendem dar a conhecer - «uma imagem vale por mil palavras».

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Propostas - Tipografia

Pois bem, está finalmente na hora de mostrar a todo o mundo, ou talvez apenas aos docentes, aquilo que foi desenvolvido para as propostas de trabalho.

Por hoje, fica a proposta n.º2, da tipografia:




Alberto Caeiro apresenta-se como um simples «guardador de rebanhos» que só se importa em ver de forma objectiva e natural a realidade, com a qual contacta a todo o momento. Em Caeiro há a inocência e o deslumbramento pela constante novidade das coisas. O poeta constrói uma doutrina orientada para a objectividade, para a contemplação dos objectos originais, para o conhecimento intuitivo da Natureza. Caeiro constrói uma poesia das sensações, apreciando-as como boas, por serem naturais. Numa clara oposição entre sensação e pensamento, o mundo de Caeiro é aquele que se percebe pelos sentidos. «Argonauta das sensações verdadeiras», o Poeta ensina a simplicidade e a clareza totais, o que é mais primitivo e natural. Daí que a poesia das sensações seja também uma poesia da Natureza: Caeiro afirma-se o poeta da Natureza, que ama a Natureza, vive de acordo com ela e a vê na sua constante renovação. Passeando e observando o mundo, personifica o sonho da reconciliação com o Universo, com a harmonia pagã e primitiva da Natureza.

«Sinto o meu corpo deitado na realidade,
sei a verdade e sou feliz.»

A composição tipográfica apresentada, que recria uma árvore, pretende traduzir simbolicamente a visão de Caeiro referida anteriormente, nomeadamente a sua profunda comunhão com a Natureza, o regresso às origens e o sensacionismo que está presente em toda a obra - o sentido das coisas reduz-se à sua existência, forma e cor. O pensamento metafísico nada acrescenta à realidade, que vale por si mesma. O sentido de uma árvore é o que percepcionamos dela através dos nossos sentidos. Como o poeta tão engenhosamente nos explica, «comer um fruto é saber-lhe o sentido».

O fundo branco e a utilização apenas da cor preta que formam a árvore pretendem reflectir precisamente a objectividade e a clareza com que Caeiro vê o mundo. As formas curvilíneas dos versos e palavras que compõem a árvore exprimem a alegre e despreocupada sensualidade com que o Poeta vive as sensações. A fonte utilizada - Edwardian Script ITC -, apesar de não ser uma fonte graficamente simples, é uma fonte que se assemelha à letra da escola primária e portanto pretende reflectir essa objectividade (própria do mundo de Caeiro) e inocência na forma de observar o mundo que caracterizam a nossa infância. Além disso, é uma fonte que facilitou a construção tipográfica da árvore, com todas as linhas e contornos que eram imprescindíveis para produzir o efeito desejado.





Ricardo Reis é o poeta clássico, da serenidade epicurista, que aceita, com calma lucidez, a relatividade e a fugacidade das coisas. Na poesia de Reis, a vida é efémera e o futuro não existe. As certezas da relatividade das coisas e da fugacidade da vida levam-no a estabelecer uma filosofia de vida, de inspiração horaciana e epicurista, capaz de conduzir o homem numa existência sem inquietações nem angústia. O poeta procura uma forma de viver com o mínimo de sofrimento, mediante um esforço lúcido e disciplinado para obter uma calma qualquer. Reis procura um prazer relativo, uma verdadeira ilusão da felicidade por saber que tudo está traçado (Fado), tudo é transitório, tudo tem seu fim, como é demonstrado no poema "Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio", que serviu de inspiração à composição tipográfica.

«Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassossegos grandes.»


Primeiramente, convém referir que a composição tipográfica que pretende traduzir a visão poética de Ricardo Reis deve ser visualizada na horizontal, pois ela foi construída nessa orientação. Está na posição vertical neste documento PDF, já que na posição horizontal não surgiam todos os elementos da composição. Nesta composição tipográfica, pretende-se representar um riacho que corre incessantemente para o mar, que constitui uma metáfora para o pensamento filosófico de Ricardo Reis: a vida é efémera, tudo é fugaz, nada fica. Perante esta certeza, o poeta advoga a procura do prazer de cada instante sabiamente gerido, com moderação e sem desprazer ou dor. A posição horizontal da composição, assim como o fundo cinzento têm como objectivo exprimir simbolicamente a serenidade epicurista do poeta e a tranquilidade (ataraxia) que ele busca no sentido de evitar qualquer perturbação ou dor. Utilizou-se a fonte Arial, pois é um tipo de letra simples, sem serifas, que tenciona reflectir a lucidez e disciplina que o poeta acha necessárias para se conseguir viver, perante a efemeridade da vida e a relatividade das coisas, com o mínimo sofrimento.




Álvaro de Campos é o heterónimo que reflecte a insubmissão e rebeldia dos movimentos vanguardistas da segunda década do século XX, olhando o mundo contemporâneo e cantando o futuro. A composição tipográfica centra-se na segunda fase da sua obra poética (fase futurista/sensacionista), em que o poeta se revela como o poeta vanguardista que, numa linguagem impetuosa, excessiva, canta o mundo contemporâneo, celebra o triunfo da máquina, da força mecânica e da velocidade. Campos exalta a cidade, a sociedade e a civilização modernas com os seus valores e a sua "embriaguez". Aponta a beleza dos "maquinismos em fúria" por oposição à beleza tradicionalmente concebida, ou seja, canta a raiva mecânica em contraste com o desejo de sossego e de serenidade. Tanto a Ode Triunfal como a Ode Marítima reflectem bem esta exaltação do mundo mecânico, assim como exprimem a intensidade e totalização das sensações. Com efeito, Campos é um verdadeiro sensacionista, que procura o excesso violento das sensações (à maneira da Walt Whitman), manifestando a vontade de ultrapassar os limites das próprias sensações. Campos, sentindo a complexidade e a dinâmica da vida moderna, procura a totalização das sensações, conforme as sente ou pensa, o que acaba por lhe causar tensões profundas, que se reflectem na terceira fase da sua obra (fase intimista/independente). Aqui fica um excerto dessa obra poética genial que é a Ode Triunfal e que serviu de inspiração à composição tipográfica.


«Eh-lá, eh-lá, eh-lá, catedrais!
Deixai-me partir a cabeça de encontro às vossas esquinas,
E ser levado da rua cheio de sangue
Sem ninguém saber quem eu sou!»


Partindo desta quadra, onde está presente um dos versos mais sublimes da poesia portuguesa, decidiu-se recriar a imagem sugerida através de uma das representações existentes da figura de Fernando Pessoa (todos os heterónimos são Pessoa, assim como Pessoa é todos os heterónimos). Surge então a figuração tipográfica de Álvaro de Campos na sua relação com o mundo moderno, industrializado (representado na parte direita da composição), que reflecte o excesso violento das sensações, isto é, a vontade de ultrapassar os limites das próprias sensações - o poeta quer «sentir tudo de todas as maneiras» e «ser toda a gente e toda a parte». A composição tipográfica de Álvaro de Campos pretende então simbolizar a totalização das sensações que o mundo civilizado e a cidade provocam no heterónimo. O facto das palavras aparecerem cortadas, tanto na figura de Álvaro de Campos/Fernando Pessoa como na “catedral” à direita, pretende realçar exactamente a vertigem insaciável do poeta na procura das sensações. A fonte utilizada caracteriza-se, como o próprio nome indica, pelo impacto que a sua forma transmite. Recorreu-se a esta fonte para expressar o modernismo do heterónimo e porque era a mais apropriada para preencher a figura de Álvaro de Campos.





Quando for dia há mais.